Há 12 anos, o filme “A
Bruxa de Blair”(The Blair Witch Project, 1999) estreava no mundo inteiro depois
do hype da divulgação do filme. Os produtores, muito espertos, fizeram o máximo
para que as pessoas acreditassem que as imagens fossem reais e conseguiram.
Antes da estréia no cinema, o documentário “The Curse of Blair Witch” foi
transmitido na TV americana, onde o testemunho de parentes e amigos das
“vítimas” da bruxa deixava tudo mais convincente. Na estréia do filme outra
surpresa, o orçamento do filme de míseros 20 mil dólares teve lucro de mais de
100 milhões de dólares, apenas nos Estados Unidos, na primeira semana de
exibição. Então, aí nascia um novo sub-gênero de filmes de terror: os
“mockumentaries” ou pseudodocumentários. Enredos elaborados de forma mais real
possível, usando câmeras portáteis que sacodem o tempo todo e colocando o
espectador no ponto de vista do personagem.
Eu considero que tive
a sorte de assistir A Bruxa de Blair no cinema. Na época, com internet discada,
era quase impossível assistir um trailer pra saber do que um filme se tratava. Eu
fui no embalo de amigos que diziam que era o filme era o mais assustador que já
existiu. No começo do filme eu não estava entendendo muito, não sabia se o
filme já tinha começado, ou se aquilo era algum recurso que o cinema resolveu
colocar antes de iniciar o filme. Quando as luzes acenderam, eu ainda não
estava certo do que tinha visto, mas sabia que tinha adorado. No caminho de
volta para casa, a minha ficha caiu e, por um instante, percebi que nunca tinha
sentido tanto medo.
O gênero terror sempre
foi meu preferido desde criança. Meu desafio era assistir todos os filmes da
seção de terror da vídeo-locadora, mas de todos os filmes de terror que já
tinha visto, eu nunca achei um que realmente me deixasse com medo. Isso veio
acontecer apenas com o surgimento dos mockumentaries.
Apesar da grande leva
desse sub-gênero nos últimos anos, apenas em 2007 pude ver algo parecido, com o
filme “O Extermínio 2”
(28 Weeks Later). No filme, há uma cena que se passa em um túnel abandonado do
metrô de Londres, recriando a mesma tensão ao deixar o espectador se guiar
pelos sons e pela imagem escura da tela. Em 2008, a experiência da A
Bruxa de Blair foi resgatado com o filme “Cloverfield”, que, infelizmente, na
minha opinião deixou bastante a desejar. Na metade do filme é revelada a
criatura que estava perseguindo as pessoas pela cidade, a partir desse ponto, o
filme passa a não ter graça e o medo psicológico do desconhecido vai totalmente
embora.

Também em 2008, os
espanhóis vieram com o filme “[REC]”. O filme na verdade foi lançado em 2007,
mas por falta de divulgação e por se tratar de um filme estrangeiro, o
reconhecimento dele só veio apenas um ano depois. Em [REC], os criadores
misturam o pânico e a desordem dos filmes de zumbi com a essência de A Bruxa de
Blair. Logo depois do grande sucesso do filme, veio a sequência “[REC] 2”. Em minha opinião, a
continuação é tão boa quanto o primeiro filme. Trata-se de uma continuação direta
e retoma o filme exatamente da onde parou e, ainda na continuação do filme,
temos revelações que fazem a história ficar bem mais clara. Até então, quando
vi [REC], eu não tinha visto nada mais assustador quanto esse filme,
especialmente pela cena final. Logo depois, surgiu o remake Hollywoodiano
chamado “Quarentena” (Quarantine, 2008). Por esse remake, a única coisa que não
tenho por ele é respeito, eles simplesmente recriaram o [REC] cena por cena. Apenas
é uma versão medíocre de um filme ótimo, feito para americanos alienados que
não conseguem admirar um filme vindo do estrangeiro.

Durante a mesma época,
o filme “Atividade Paranormal” (Paranormal Activity, 2007) surgia para ficar no
limbo por exatos dois anos. O filme teve sua história de produção bem similar
com A Bruxa de Blair, orçamento baixo, divulgação no boca a boca e lucro de
milhões na semana de estréia. O filme só acabou indo parar nos cinemas após as
ínfimas exibições, onde os espectadores disputavam ingressos a tapas para
conseguir ver o filme. Em 2009,
a Paramount comprou os direitos e colocou em exibição no
mundo inteiro, sendo sucesso imediato. Aproveitando o sucesso do filme, logo
apareceram o “Atividade Paranormal 2”
e “Atividade Paranormal 3”
e, pelo que parece, ainda não para por aí, pois para 2014 já está planejada a
estréia do quarto filme. Quando eu assisti ao primeiro filme da franquia, o
filme ainda não tinha sido lançado no mundo inteiro, mas cópias ilegais
começaram a circular pela internet. Admito que, até então, tinha sido o filme
que mais me deu medo, mesmo após dias, qualquer barulho que eu escutava me dava
medo. Depois de um mês de ter assistido a cópia ilegal, o filme foi lançado no
cinema com o final original, até então desconhecido por quem tinha baixado da
internet. Com isso, fez muitos, como eu, irem ao cinema apenas para ver o final
original e que, realmente, fez toda a diferença para o filme. Infelizmente me
decepcionei com a sequência, achei todos os sustos repetidos e não mostrava
nada de novo. O terceiro filme da franquia, depois da decepção do segundo, eu
não tive tanto interesse de assistir.
Recentemente, dois
filmes me conquistaram e ganharam admiração. “Grave Encounters” (sem título em
português, 2011) e “A Casa” (La
Casa Muda, 2010). Com o passar dos tempos, geralmente os
filmes ficam repetitivos, perdem a graça e acabam não passando emoção alguma.
No caso desses filmes, realmente não há nada de novo, mas o terror psicológico
é tão elevado que não tem como não considerar um dos melhores desse sub-gênero.
O filme Grave Encounters acabou sendo sufocado pelo sucesso de Atividade
Paranormal, o que é uma pena, já que o filme é bem superior à franquia de AP.
Os produtores de Grave Encounters passaram mais de um ano atrás de um estúdio
grande para o lançamento, o que não aconteceu. Foi lançado diretamente em DVD
em Novembro de 2011. O filme conta sobre um grupo de especialistas em
fantasmas, que possuem um programa na TV com o mesmo título do filme. Eles
recebem o desafio de ficarem trancados em um manicômio desativado, por uma
noite inteira, registrando todos os acontecimentos paranormais. O clima de
suspense do filme já é criado nos primeiros minutos da rolagem, depois é como
uma montanha russa sem fim, que você implora para descer. Em “A Casa”, o filme
já se torna interessante por ser dos nossos vizinhos uruguaios, ter sido
filmado com uma câmera fotográfica e em uma única tomada. O clima de terror do
filme se torna tão sufocante e agoniante, que para mim foi impossível assistir
sem que, a cada 2 minutos, eu apertasse o pause
para respirar um pouco. O final pode decepcionar um pouco, mas não deixa de ser
interessante. Dos 85 minutos do filme, pelo menos, 40 são de tensão e sustos
desenfreados.


Outros filmes que
recomendo para quem se interessar por pseudodocumentários são: “O Último
Exorcismo” (The Last Exorcism, 2010) e “The Tunnel” (sem título em português,
2011). Ainda que, eu não tenha gostado tanto do O Último Exorcismo, eu penso
que vale a pena pelo enredo e cena final. Já o The Tunnel, acaba cometendo o
mesmo erro do Cloverfield, embora seja infinitamente melhor. O interessante do
The Tunnel está na produção, em que você pode comprar 1 frame do filme por 1
dólar. O filme foi em uma direção totalmente contrária de Hollywood, lançando o
filme primeiramente por torrent.
Outro
pseudodocumentário que assisti hoje, para poder escrever esse post, foi Apollo
18. Além de ser o pior filme do sub-gênero que já assisti, foi um dos piores
filmes que vi na minha vida. Para quem gosta de astronomia como no meu caso, o
filme se torna interessante pelas imagens que eles criaram, realmente fazendo
acreditar que o filme foi rodado na lua. Mas o enredo é fraco, não há sustos,
os atores são péssimos e o clímax é insignificante. Ou seja, não assista.
Notas que dou para os
filmes que citei:
A Bruxa de Blair 4/5 –
Apesar de ter criado o gênero, nos dias de hoje o filme é fraco.
Extermínio 2 4/5 – O
primeiro filme também é muito bom, mas ainda prefiro o segundo.
A Casa 5/5
Atividade paranormal 5/5
Atividade Paranormal 2
2/5
Grave Encounters 5/5
Cloverfiled 2/5
[REC] 5/5
[REC] 2 – 4.5/5
Quarantine 1/5
The Tunnel 3/5
The Last Exorcism 3/5
Apollo 18 1/5