Godspell, o famoso
musical da Broadway de Stephen Schwartz (o mesmo de Wicked) que abriu pela terceira vez no Brasil, mostra passagens do
Evangelho segundo Mateus com mensagens filosóficas de amor para os dias de
hoje. O musical está sendo apresentado no minúsculo Teatro Commune com preços
bem satisfatórios.
Ao assistir Godspell, tive
a sensação de estar indo a assistir uma produção teatral obscura em algum
teatro da Off-Off-Broadway. Ao entrar
na sala de espetáculo o sentimento é maior ainda, os atores já estão todos no
palco e dentro de seus personagens interagindo entre eles até todos tomarem os pouquíssimos
lugares do teatro. Falando assim soa negativo, mas não vem ao caso dessa montagem.
Acertaram na mosca ao escolherem o Teatro Commune para reviver a bela obra. O
musical está na minha lista de 10 favoritos de todos os tempos e sempre achei
que para ser bom teria que ser em um teatro pequeno e uma produção de baixo
custo. Estava certo, a experiência de ver o musical dessa forma foi uma
experiência única.
A produção da
talentosa Janaína Lince, que também é atriz na peça, está totalmente
despreocupada em ser uma mega produção. Não há efeitos especiais. A iluminação,
cenário e figurinos são simples lembrando uma produção escolar. Por outro lado,
todos esbanjam profissionalidade que falta em algumas grandes produções. A
escolha do elenco foi feita com cuidado, reúne nomes desconhecidos com outros já
vistos em produções paulistanas. Os atores dão um brilho especial a cada cena
musical e a cada esquete apresentadas, as vozes surpreendem juntamente com a
interpretação e o timing cômico. As
músicas que são os pontos altos de Godspell se exaltam mesmo com apenas quatro
músicos no palco, a beleza da obra original transparece com toda a força em
cada canto do teatro. A nova tradução também está lindíssima e não deixou a
desejar em nenhuma parte. O texto atualizado com várias referências atuais,
brasileiras e paulistanas deram a peça o toque de comédia necessário e que me
fez rir em partes inesperadas. Resumindo: satisfação total e vontade de poder
assistir todas às vezes.
Talvez a única pequena
falha que achei foi com minha cena favorita e o ápice do musical, a cena da crucificação
de Cristo. Não consegui entender o que o diretor quis passar com a encenação da
maioria dos atores, sendo melhor ter deixado a tradicional encenação, talvez
uma melhor iluminação do momento já tivesse deixado a cena muito mais bonita.
Video do site Cena Musical