Minha viagem de férias
em São Paulo era para ter começado já de cara com o musical FAME no Teatro Frei
Caneca, mas o carro resolveu ferver em plena Av. Paulista e perdemos os
ingressos que já estavam comprados. Porém, a vontade de assistir era tão grande
que acabei comprando novos ingressos para assistir no dia 29/07, exatamente no
dia da última apresentação.
Mesmo apesar de vários
pontos negativos a experiência no geral foi satisfatória, as danças e músicas
me contagiaram e saí do teatro mais empolgado do que em muitos outros musicais. Um desses pontos
negativos talvez seja o musical original em si e não a produção brasileira.
Mesmo no original ainda falta algo para ser um excelente musical, mas um grande
padrão isso ele tem. Parece que muitas coisas foram descaradamente copiadas de
outros musicais, como a cena de abertura que lembra muito a abertura de A Chorus Line. Na versão brasileira há
alguns contrastes enormes, coisas péssimas misturadas com outras grandiosas que
poderiam ter sido evitadas se o elenco tivesse sido melhor escalado. Enquanto
as atrizes dão um show à parte no palco, a atuação do elenco masculino vai de
ridículo a mediano, salvo o ator Rafael Machado que representa o Tyrone e fez
sua parte de forma belíssima. A impressão que eu tive é que todos os atores
estavam extremamente caricatos, até mesmo os atores que faziam os professores
não estavam bem e não convenciam. A atuação do Klebber Toledo não é de todo
mal, não sei se foi sempre assim ou se era o nervosismo da última apresentação,
mas ele desafinou na maioria das vezes provocando algumas reações negativas da plateia.
Quem sabe os produtores deveriam ter pensado melhor na qualidade vocal e não
num rosto conhecido para atrair o público.
A parte feminina
merece os melhores elogios e se eu pudesse dava um prêmio para cada uma delas.
Corina Sabbas que salvou o musical entrando no lugar na tão criticada Paloma
Bernardi parece que nasceu para fazer tudo bem feito, deu ao papel de Carmen
Diaz o que realmente precisava. Giulia Nadruz como Serena Katz esbanjou doçura
e encanto e me fez arrepiar em suas músicas. Vânia Canto me fez rir com a
obsessão por comida e delirar pelo belo espetáculo que deu em “Prece da Mabel”.
Laura Carolinah e Vivi Mori como as professoras, eu descreveria apenas como
“Oh My God!”, fiquei sem fôlego com a energia eletrizante que elas passaram na música
“Argumento das Professoras”. Fiquei imaginando o quanto elas seriam ótimas no
musical Chess no papel de Florence e Svetlana cantando “I Know Him So Well”.
Marimoon estava fofíssima e tocando bateria muito bem para quem nunca tinha
tocado antes!
Embora eu esteja mais
negativando o musical do que falando bem, num geral eu gostei MUITO e até
entristece saber que acabou tão precocemente e não terei chance de ver mais uma
vez. Era um musical que merecia ficar tranquilamente em cartaz pelo menos um
ano. Depois de assistir, fica fácil entender porque Fame já foi montado em
inúmeros países e lugares como Londres ficou mais de 10 anos em cartaz. É uma experiência
muito melhor do que grandiosos musicais que foram montados no Brasil.
Fame me proporcionou vários momentos únicos e inesquecíveis como a cena do “Argumento
das Professoras” como havia citado antes, Giulia Nadruz surpreendendo com “Pense
Como a Meryl Streep” e outras duas cenas que me levaram as lágrimas, Laura
Carolinah cantando “Minhas Crianças” e o encore da música título com Corina
surgindo em cima do taxi amarelo.
Creio que fui um tanto
duro com meu ponto de vista, mas é só a opinião de alguém que aprecia musicais
e que apesar de tudo, daria tudo para ver mais uma vez.
Vídeo da última apresentação de FAME, tirado do site Cena Musical.