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Correndo de Hollywood |
Nos últimos
dois anos, Hollywood vem me desmotivando a assistir qualquer coisa produzida
por ela. Acabo buscando filmes que fogem desse padrão Hollywoodiano que já está
pra lá de saturado. Chamo os filmes que, atualmente, gosto de assistir de
“filmes alternativos”. Se for realmente buscar o significado de “Filmes
Alternativos” no Google vou achar algo um pouco diferente da minha concepção.
Eu considero um filme alternativo qualquer filme antigo, cult, filme B,
estrangeiro, nacional, independente e até mesmo filmes de Bollywood, ou seja,
nada que os grandes estúdios americanos andam produzindo ultimamente.
Em minha
opinião, ser cinéfilo, ou meramente apreciar o cinema em geral, não é ir ao
cinema toda semana e consumir qualquer coisa que esteja sendo projetada. O motivo principal de deixar filmes atuais de
Hollywood um pouco de lado é que existe muita coisa melhor para assistir do que
os filmes de sempre que lotam os cinemas. Sinto que a vida é muito curta para
me prender apenas aos blockbusters que talvez vão me divertir por duas horas,
mas não serão nada mais do que isso. Há, ainda, aqueles filmes que eu assisto e
se alguém me pedir sobre ele no dia seguinte eu não vou conseguir contar,
simplesmente porque eu já me esqueci do filme. Enquanto há aqueles que eu
assisto e consigo lembrar com detalhes muitos anos depois, apenas pelo fato de
ser único e memorável, não somente um filme descartável.
Não me
recordo qual foi a época que tomei gosto pelo “alternativo”, mas lembro que há
uns 15 anos atrás eu achava mais interessante os filmes da EuroChannel do que
os da HBO. Ainda relembro ótimos filmes europeus que assisti na EuroChannel,
mas infelizmente os nomes se perderam na minha cabeça com o passar dos anos.
O cinema
atual parece ter ficado artificial e já mastigado para as pessoas poderem
consumir rapidamente. Há fórmulas prontas para garantir o sucesso: se você
busca um romance, provavelmente vai achar apenas uma comédia romântica
protagonizada por atores do momento que fará você dar algumas risadas e que o
final da trama será açucarado. Se você busca um filme de ação ou aventura,
temos que engolir um filme com 90% de efeitos especiais que vão contar a
história de um super herói dos quadrinhos ou de personagens de um mundo da
fantasia. Sem contar ainda que vendem qualquer filme desses como 3D para lucrar
ainda mais na bilheteria. Todos os gêneros estão ficando na mesmice, não
conseguindo fazer mais do que 10 filmes realmente bons por ano.
Não sei se
com o passar do tempo fiquei mais exigente ou chato, mas sinto que falta um
cinema melhor escrito e mais criativo. Tudo isso me faz voltar ao tempo e
recorrer aos clássicos, épicos e os musicais dos anos 40 aos 70. Não é com
grande surpresa que consigo achar a qualidade que falta nos dias de hoje nesses
filmes antigos. Mas não é só no passado que eram feitos bons filmes, há filmes
excelentes atualmente que foram rodados longe de Hollywood, mas são
infelizmente ignorados pelo fato de não ter nenhum ator conhecido, não ter sido
feito nos Estados Unidos ou por não ter sido tão divulgado.
Ultimamente
tenho assistido a muitos filmes por recomendações de amigos, conhecidos e até
mesmo desconhecidos e não fiquei decepcionado com nenhum. Alguns filmes que
assisto são tiros no escuro, leio rapidamente a sinopse, assisto e me apaixono.
Algumas das
boas surpresas que tive nos últimos tempos foram:
- 3 Idiots
(2009): comédia de Bollywood com “apenas” 3 horas de duração, mas tudo no filme
é tão divertido, agradável e gostoso de acompanhar que parece ter apenas 1h30m
de duração. O filme relata sobre três amigos na universidade, um professor
sádico, uma aposta esquecida, a invasão de um casamento, um funeral, um romance
e o verdadeiro valor da amizade. Tudo isso com toques musicais de Bollywood e
imagens coloridíssimas de encher os olhos.
- Almas
Desesperadas (Don’t Bother To Knock - 1952): Um dos grandes sucessos de Marilyn
Monroe. Quando comprei o DVD não fazia idéia do que tratava o filme. Comprei
pela atriz e também o DVD custava apenas 7,90. Foi apenas o segundo filme que
tinha assistido da Marylin, o suficiente para fazer apreciar o talento dela que
eu achava que não existia. O filme me fez lembrar o ar caótico e angustiante
dos suspenses de Hitchcock. Dizem que, com esse filme, Marilyn queria mostrar
que realmente era uma boa atriz, e conseguiu.
- Os
Abutres Têm Fome (Two Mules For Sister Sara – 1970): Clint Eastwood em mais um
papel no gênero faroeste. Me fez lembrar a época em que a Sessão da Tarde ainda
passava filmes do gênero e também me fez perceber o quanto esses filmes podem ser
agradáveis de assistir. O filme começa bem, Hogan (Eastwood) salva a freira
Sara (Shirley McLaine) de ser estuprada no meio do deserto, assim dando início
as suas aventuras.
- Românticos Anônimos (Les émotifs anonymes –
2010): Primeiro filme que assisti no cinema em 2012 e comecei o ano com o pé
direito. Filme leve, despretensioso e gracioso que me fez rir por toda 1h20min
de duração. O filme conta sobre um homem e uma mulher que são diferentes, mas
possuem duas coisas em comum: são patalogicamente românticos e tem paixão por
chocolates.
- Nossa,
Que Loucura! (For Pete’s Sake – 1974): Além de o filme ser engraçadíssimo, foi
engraçado a forma que encontrei esse filme. Olhando os filmes em promoção em
uma loja, eu avistei o nome e na hora falei “Nossa, que ridículo esse nome!”,
quando puxei o DVD pra ver a capa eu pulei ao ver a Barbra Streisand.
Apaixonado pelos filmes musicais da Barbra, eu não pensei duas vezes e levei o
DVD. Ela já é engraçada por natureza e deixa as situações cômicas do filme
melhores ainda. O filme conta a história da Henrietta, que vai em busca de um
agiota para ajudar seu marido Pete em um investimento. A dívida vira uma bola
de neve e ela se sujeita a vários trabalhos para que nada aconteça a ela e
Pete.
- Patrick
1,5 (2008): Filmes suecos são sempre bem-vindos, são ótimos e nunca me
decepcionam, mas esse foi uma surpresa em tanto. Conta sobre um casal
homossexual que resolvem adotar um filho e que, por engano, acabam recebendo um
menino de 15 anos que é delinqüente e homofóbico. É um pouco previsível, mas
lindo o rumo que o filme vai tomando.